agosto 19, 2005
agosto 01, 2005
Página 28: Fim
Na página 1 deste blogue escrevi:
Poderá ser este, enfim, o lugar tranquilo sonhado desde a infância? A expressão sem reservas nem concessões daquilo que sou? O espaço onde cabe sem culpa a minha mediania? Um universo de palavras não ouvidas? O poço fundo e inconfidente dos meus segredos? A sombra refrescante do meu calor e o agasalho dos meus dias frios?
Não foi!
Por isso, agradeço todos os 'rastos de luz' que amavelmente me deixaram e... acho que fico por aqui.
Poderá ser este, enfim, o lugar tranquilo sonhado desde a infância? A expressão sem reservas nem concessões daquilo que sou? O espaço onde cabe sem culpa a minha mediania? Um universo de palavras não ouvidas? O poço fundo e inconfidente dos meus segredos? A sombra refrescante do meu calor e o agasalho dos meus dias frios?
Não foi!
Por isso, agradeço todos os 'rastos de luz' que amavelmente me deixaram e... acho que fico por aqui.
julho 30, 2005
Página 27: Como Anteu
Não me perguntem porquê, nestes dias senti-me um pouco Scarlett O’Hara, em «Gone with the Wind», regressando a Tara.
Tara! Home. I'll go home. (…) After all... tomorrow is another day.
Só nesta raiz, minha Tara, é possível vir sugar a força com que hei-de reerguer-me, como Anteu, esperando que Hércules não se cruze no meu caminho…
Tara! Home. I'll go home. (…) After all... tomorrow is another day.
Só nesta raiz, minha Tara, é possível vir sugar a força com que hei-de reerguer-me, como Anteu, esperando que Hércules não se cruze no meu caminho…
julho 27, 2005
Página 26: Mar
Mar. Desci o monte. Fui ver-te. Contemplar o teu bater. Entregar-te um pouco do meu sal. Não foram as tuas pancadas que me fizeram tremer. Vem de dentro o meu mal. Não consigo refreá-lo e nisso se assemelha ao teu batimento, mar. Queria que se fosse e ciclicamente volta, violento, ingovernável!
Fui ver-te. Ao fundo, na linha cinzenta onde para mim acabas, começa a aventura…
M., 26 de Julho de 2005, à noite
Fui ver-te. Ao fundo, na linha cinzenta onde para mim acabas, começa a aventura…
M., 26 de Julho de 2005, à noite
julho 24, 2005
Página 25: Retalhos II
«Angustiante aquele filme sem nome que vira sozinha no exílio! Nenhuma prisão pior que a daquele resto de corpo jazente e cérebro tão vivo! A prisão da impossibilidade de um gesto, de um som, do mínimo sinal de vida! Um desafio à ciência que estabelecera como impossível a actividade daquela pequena parte de substância cerebral remanescente… Um desafio ao seu sono daquela noite, que custara a vencer as imaginadas discussões travadas com crentes em Deus. Um filme de quantas realidades? O pior dos horrores. Não, desse não queria ter-se lembrado. Que ideia recordar essa possibilidade de uma angústia maior! O mal dos outros nunca fora consolo. Mas as ideias eram mesmo assim, como as cerejas: num punhado as maduras e as verdes, as doces e as amargas, as boas e as imprestáveis, raramente as mais cobiçadas do cesto».
M., Deambulações entre Quatro Paredes, 2005
M., Deambulações entre Quatro Paredes, 2005
julho 18, 2005
Página 24: Força?
Sou fiel às palavras
As primeiras
Quando tudo nelas
É promessa
Queira ou não
Quem as diz
Sou fiel às palavras
À raiz
Que alimenta
A minha força
E quem me queira
Derrubar
Saberá proferir
As derradeiras
Palavras que anulem
As primeiras
As primeiras
Quando tudo nelas
É promessa
Queira ou não
Quem as diz
Sou fiel às palavras
À raiz
Que alimenta
A minha força
E quem me queira
Derrubar
Saberá proferir
As derradeiras
Palavras que anulem
As primeiras
M.
julho 14, 2005
Página 23: Amizade
Diferentes, muito diferentes. Desde a base. E uma amizade que dura há vinte anos! Uma amizade feita de convívios e de afastamentos sem crises, sem zanga, só com razões que vêm de fora. Cá dentro eu sou, ela é, seremos sempre as mesmas miúdas aventureiras, o fósforo e a estopa dos pequenos incêndios nocturnos com que desafiávamos o tédio dos serões na cidade pacata.
A história habitual. Vida. Relações. Trabalho. E, ao virar da esquina dos meses, ou mesmo dos anos, o encontro aberto, franco, sem os embaraços do tempo passado! Vale a pena, acho eu. Quem diria?! E, independentes de tudo o que nos rodeia a cada momento, continuamos a cotejar, a respeitar ou a aplaudir as nossas diferenças.
julho 12, 2005
Página 22: Retalhos I

Mick has created a Car-toon

- Mas ele, afinal, o que tem, o carro?
- Tem seis anos.
- E…?
- E, está na hora de trocar.
- Porquê? A mim parece-me bom!
- Começa a ficar velho… Já devia ter sido…
- Velho?! Com seis anos?! Tu sabes quantos anos o teu avô teve aquele Fiat?
- Mas agora não dá…
- 25… Não dá porquê? Avariou?
- Não, mas chateia-me ter que andar nas inspecções… e depois, o valor comercial…
- Então e um carro só com seis anos já tem que ir à inspecção?!
- Desde os quatro…
- Valha-me Deus!... É tão confortável! Eu gosto dele!
- Pois, mas qualquer dia não consigo vendê-lo…
- Mas os novos devem custar um dinheirão, não? Faço ideia…
- Caríssimos.
- Mas este não te serve para o que tu queres?
- É… Vai servindo…
- Então não te percebo!...
- Nem eu!...
julho 09, 2005
julho 08, 2005
Página 20: Memória
Vinte piscinas com algum esforço. Cá fora os miúdos das férias desportivas, uma espécie de prolongamento do A.T.L. para mais uns dias de descanso dos papás.
Recuei muitos anos. Férias desportivas, sem esse nome e sem as mesmas motivações de agora. Cenário: piscina das Pedras Salgadas. Foi lá que aprendi a nadar, num Julho que lá vai… Havia um Paulo Sérgio, um pouco bruto, mas ás da natação desde o primeiro dia; e o “Acacinho não vás ao fundo”. Alguém me disse que se fez dentista, será? O Luís era o craque do Xadrez na hora do descanso. Das raparigas não me lembro! Mas recordo o sabor incomparável do pão da merenda.
O programa ocupava só a manhã imensa. Depois, ainda sobrava a tarde igualmente longa. A praia viria em Agosto. E, em Setembro, aldeia, "bendimas". Férias graaaannndes...
Recuei muitos anos. Férias desportivas, sem esse nome e sem as mesmas motivações de agora. Cenário: piscina das Pedras Salgadas. Foi lá que aprendi a nadar, num Julho que lá vai… Havia um Paulo Sérgio, um pouco bruto, mas ás da natação desde o primeiro dia; e o “Acacinho não vás ao fundo”. Alguém me disse que se fez dentista, será? O Luís era o craque do Xadrez na hora do descanso. Das raparigas não me lembro! Mas recordo o sabor incomparável do pão da merenda.
O programa ocupava só a manhã imensa. Depois, ainda sobrava a tarde igualmente longa. A praia viria em Agosto. E, em Setembro, aldeia, "bendimas". Férias graaaannndes...
Página 19: Quarta-feira
Quarta-feira é, aparentemente, o dia forte das visitas ao meu blogue. Convosco também acontece?
Por certo haverá um comentador capaz de comentar isto. Se fosse na Sic tinhamos o 'sempre a postos' Nuno R.
Aqui, alguém aventura uma explicação?!
(Tudo culpa do site meter que resolvi adicionar ao espaço... As inquietações que um cidadão arranja!!)
julho 05, 2005
julho 04, 2005
Página 17: Filhos
Chegou e transformou-me a vida. Era pequenino, frágil e encheu-me os dias por completo. Desde o primeiro momento que lhe dei o melhor de mim. Através do cordão calafetado das minhas palavras, das minhas cantigas, dos meus gestos úteis, dos meus afagos, das minhas atenções, dos meus exemplos, continuei a verter no seu corpo e no seu entendimento o que de bom fui capaz.
Agora, inquietos, vivemos a adolescência: eu, inquieta por ele; ele, inquieto por tudo. De repente chegáramos lá, depressa e sem aviso! Não sei já o que faça dos meus conselhos inúteis, dos meus carinhos indesejados, das minhas atenções excessivas…Tenho que aprender a deixar comigo o melhor de mim. Afinal, a adolescência vive-se duas vezes!
Agora, inquietos, vivemos a adolescência: eu, inquieta por ele; ele, inquieto por tudo. De repente chegáramos lá, depressa e sem aviso! Não sei já o que faça dos meus conselhos inúteis, dos meus carinhos indesejados, das minhas atenções excessivas…Tenho que aprender a deixar comigo o melhor de mim. Afinal, a adolescência vive-se duas vezes!
julho 02, 2005
junho 30, 2005
Página 15: Paixão

artwork created by Richard A. Waters

Lenta e inconformadamente, o vermelho-fogo converteu-se num esbatido rosa-alaranjado, o brilho esmoreceu, os olhos derivaram, o mundo voltou a definir-se na tela de fundo a que ficara remetido, desatou-se o nó na garganta, a confiança voltou ao sobe-e-desce da sua normalidade, o coração bateu de novo o compasso certo da melodia quotidiana.
Para trás o delírio, o deslumbramento, os dois seres extraordinários e únicos que povoaram o universo da beleza, da coragem, de todos os possíveis. A paixão que finda…
junho 28, 2005
Página 14: Rastos de luz
São mesmo rastos de luz o que me deixam os visitantes deste meu espaço. São delicados, passageiros e iluminam os contornos das minhas palavras com o seu brilho próprio. Gosto de seguir esses rastos e de imaginar como se sentiram nesta atmosfera que crio para meu prazer e deles.
É um mundo engraçado, este!
É um mundo engraçado, este!
Sobre onde estou, quando não estou a leste do Sol e a oeste da Lua, cito o poeta:
Quem pega na bússola vê
Oito direcções de mundo,
Oito modos de estar.
O oitavo é o nordeste.
Quem pega na bússola vê
Oito direcções de mundo,
Oito modos de estar.
O oitavo é o nordeste.
junho 22, 2005
junho 21, 2005
Página 12: Isto
Ter um diário pode também ser a forma de não dizer as coisas que diria se não tivesse um diário…
junho 20, 2005
Página 11: Preguiça
Deliciosamente inúteis os momentos de preguiça, ligeiramente contrariada pela meia força que ela consente. Muito suspirados, muito lânguidos, banhados da calma que vem de dentro. Distendem-se os membros, deixam-se arrepios de prazer correr a espinha, a ouvir os afanosos trabalhos de um outro. Recorda-se a lista das coisas para mais tarde, tremenda canseira!... Às vezes prende-nos a voz monótona de alguém e ali ficamos numa semi-consciência gostosa. Outras, é o olhar que pára numa cena passada do filme que corre.
Às vezes falamos desses momentos com palavras deliciosamente inúteis...
junho 18, 2005
Página 10: Convite

Autor: sweetcharade

É uma mão segura, seca e suave a que se estende. Um gesto firme de vontade, sem fronteiras entre mão e peito.
Sou eu, afinal, e a minha necessidade de comunicação.
Venha, se quiser. Faça parte deste grupo que gasta tempo com coisas de palavras que não dão lucro, mas dão prazer. Seja você mesmo, ou outro. Convido-o a deixar rasto.